Lyrics

(Verso 1)
Na cidade partida, dois mundos colidem,
Um corre da fome, o outro tem o que divide.
Uólace sonha com um tênis brilhando no pé,
João Vitor tem dois, mas nem sabe o que é fé.

No morro, escola em greve, mãe na batalha,
Na laje o almoço é sorte, não medalha.
No asfalto, silêncio, café com jornal,
Mas o vazio da alma também é real.

(Refrão)
É morro e asfalto, favela e avenida,
Dois lados da moeda da mesma vida.
A informalidade que sustenta o chão,
É mãe revisando texto, é CD na mão.
Num Brasil que exclui, mas finge incluir,
Somos todos reféns tentando resistir.

(Verso 2)
Acerola na banca, vendendo esperança,
Aprendeu que o sistema nunca dá bonança.
João vê a mãe frustrada por estudar demais,
E ainda assim viver dos trocados dos pais.

O hambúrguer é símbolo, desejo e ilusão,
Consumo que une em qualquer situação.
A cidade é a mesma, mas o peso é desigual,
Uns nascem com rede, outros no vendaval.

(Refrão)
É morro e asfalto, favela e avenida,
Dois lados da moeda da mesma vida.
A informalidade que sustenta o chão,
É mãe revisando texto, é CD na mão.
Num Brasil que exclui, mas finge incluir,
Somos todos reféns tentando resistir.

(Ponte)
Flexibiliza o sonho, precariza o viver,
Contrato sem forma, futuro a morrer.
Não há exclusão, só inclusão frágil,
Trabalho sem lei, num ciclo instável.

(Refrão Final)
É morro e asfalto, favela e avenida,
Dois lados da moeda da mesma vida.
Na luta do dia, na ausência do pão,
Do texto corrigido à banca do irmão.
Somos voz sem microfone, passo sem chão,
Mas seguimos cantando a nossa condição.