Lyrics

[Verso 1]
Paloma,
Você tem esse jeito que parece saber tudo —
como se o mundo inteiro te devesse escutar calado.
E eu escuto.
Com um nó na garganta e um riso nos olhos,
porque, porra,
às vezes você me desmonta só de respirar fundo.
Mas eu não falo.
Fico quieto, porque você sempre parece ter razão,
mesmo quando não tem.
E eu deixo.

Você dança com a sua certeza como se fosse leve,
mas pesa em mim.
E mesmo assim,
não sei viver sem teu peso.

[Refrão]
Eu te amo de um jeito que me dói
até quando você tá calada demais,
ou quando me olha como se eu fosse pequeno demais
pro que você sonha.
E talvez eu seja.
Talvez você veja isso antes de mim.
Mas eu fico.
Fico, mesmo quando quero fugir.
Fico, mesmo quando penso em outras bocas,
em outras pazes.

[Verso 2]
Você me irrita com seu drama escondido.
Com esse silêncio manipulador,
com esse "tanto faz" que diz mais que um grito.
Você some dentro de si e me deixa lá,
tentando decifrar um mapa que você queima toda noite.
E mesmo assim,
eu adoro quando você dorme do meu lado,
como se nada estivesse errado.

Te amo quando você não tenta ser perfeita.
Te amo mais ainda quando você se mostra frágil —
mas você odeia ser frágil.
Você se protege com sarcasmo,
com argumentos longos demais
pra encobrir o que sente de verdade.
E eu finjo que não vejo.
Porque se eu encostar, você pode quebrar.
E eu não sei se tenho colo pra isso.

[Ponte – “as verdades proibidas”]
Às vezes eu penso:
e se fosse outra?
Alguém mais simples. Mais óbvia.
Menos guerra.

Às vezes me pego desejando silêncio,
não o seu —
o nosso.
Silêncio de quem não precisa se explicar tanto.
De quem apenas ama, e pronto.
Sem se medir, sem provar, sem vencer debates.

Mas aí você sorri.
E eu volto.
Como sempre.

[Refrão Final]
Eu te amo mesmo quando não te suporto.
Mesmo quando teu toque me lembra tudo o que eu não sei sentir.
Mesmo quando eu queria te mandar embora
e só consigo te abraçar mais forte.
Você me desmonta.
E eu me deixo.
Porque no fundo,
você é a bagunça mais bonita que eu nunca tive coragem de arrumar.

[Coda – sussurrado]
Talvez a gente nunca se entenda.
Talvez a gente sempre se ame.
E talvez isso tenha que bastar.