Lyrics

Às vezes eu acordo… mas nem sei se tô realmente vivo.
Respiro por instinto, me mexo por hábito.
Mas existir… ah, existir já não é a mesma coisa.

Levantei hoje como quem levanta por obrigação.
Arrumei a cama, coloquei a roupa,
Engoli o café como quem engole a vida:
Amargo, morno, sem vontade.

Ninguém nota, mas eu tô ausente.
Minha mente vaga, ficou presa lá atrás,
No dia em que você virou passado.
Desde então, tudo virou cenário.

A vida continua, mas eu parei.
Me tornei espectador do que era meu próprio filme,
E tudo que eu queria era sair dessa sala escura.

Tô vivendo no modo piloto,
Com os olhos abertos e o peito fechado.
Não sinto, não penso, só vou.
Como se tudo que restasse fosse esse eco de mim.
Meu coração tá quieto,
E eu me acostumei com esse silêncio todo.
Porque sentir… sentir machuca demais.

Os dias são iguais,
As horas passam e eu nem vejo.
As conversas são rasas,
E meu sorriso? Falso. Ensaiado.
É só pra ninguém perguntar nada.
Porque, se perguntarem, talvez eu desabe.

Você se foi e levou tudo que me fazia pulsar.
Eu fiquei aqui, me arrastando entre os escombros,
Tentando achar alguma parte minha
Que ainda saiba amar.

Tô vivendo no modo piloto,
Igual um avião sem rumo.
Pouso forçado, turbulência interna,
Mas por fora? Tudo calmo.

Ninguém imagina a guerra que acontece aqui dentro.
Ninguém escuta o grito que não sai da garganta.
Só você… só você entenderia.

E o mais louco é que ainda te espero.
Mesmo fingindo que não.
Mesmo dizendo que superei.
Mas a verdade é que, se você aparecesse hoje,
Se você me chamasse, eu largava tudo.
Porque você era o botão que me desligava da dor.
E agora que você foi embora,
Eu só tô… travado.

Tô no modo piloto. Mas não é escolha.
É proteção. É medo.
Medo de sentir de novo e me quebrar mais uma vez.
Então, se eu parecer distante, ausente,
Se eu não responder ou me calar...
Não é falta de amor.
É só... meu jeito de continuar respirando
Sem me afogar.